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Distrito Federal registra aumento de transplantes com 655 procedimentos nos quatro primeiros meses de 2025

  De janeiro a abril do ano passado foram 615 procedimentos no DF; Brasil conta com o maior sistema público de transplantes do mundo De jane...

 


De janeiro a abril do ano passado foram 615 procedimentos no DF; Brasil conta com o maior sistema público de transplantes do mundo

De janeiro a abril de 2025, foram realizados 655 transplantes no Distrito Federal — dos quais 599 foram procedimentos de urgência —, um aumento de 6,5% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram feitas 615 cirurgias. Transplante é o procedimento cirúrgico de substituição de um órgão ou tecido doente por um saudável, que pode ser proveniente de um doador vivo ou falecido.

O número de transplantes realizados no Distrito Federal de janeiro a abril de 2025 aumentou 6,5% em relação ao mesmo período do ano passado | Fotos: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília

No Distrito Federal, podem ser transplantados coração, rim, fígado, pele, córneas e medula óssea. A rede privada oferece as mesmas modalidades, com exceção do transplante de pele — apenas o Hospital Regional da Asa Norte (Hran) está habilitado para fazer esse tipo de transplante no DF. Já no Hospital de Base e no Hospital Universitário de Brasília são feitos os procedimentos de rim e córnea.

Os transplantes de coração, rim, fígado, córnea e medula óssea podem ser feitos no Instituto de Cardiologia e Transplantes do Distrito Federal (ICTDF), que é contratado pela Secretaria de Saúde. O transplante de medula óssea autólogo pediátrico é feito pelo Hospital da Criança de Brasília José Alencar.

Segundo Marcos Antônio Costa, superintendente do ICTDF, o Distrito Federal é um centro de referência para todo o país na área de transplantes. “O DF conseguiu essa estatura porque o instituto está bem preparado, bem equipado. Os nossos profissionais são de altíssima qualidade, a maioria veio do InCor [Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo]. Então, a nossa equipe é muito bem capacitada”, afirma.


A coordenação das atividades de transplantes no DF é feita pela Central Estadual de Transplantes (CET). A gerente geral de Assistência do ICTDF, Maria de Lourdes Worisch, explica que existe uma logística complexa para fazer com que os órgãos doados cheguem aos pacientes. “Desde o momento da escolha do doador, garantir o tempo necessário para a retirada do órgão, entender se o órgão doado é viável, se é apropriado para o receptor que está aguardando o transporte do órgão, o preparo do receptor… A equipe precisa estar pronta, o hospital pronto, material pronto”, enumera.

De acordo com o Rafael Costa Filgueiras, responsável pelo setor de Transplantes do ICTDF, o instituto já realizou, desde 2009, mais de 2.800 transplantes de órgãos e tecidos. Foram 878 trasplantes de fígado, 806 de medula óssea, 452 de rim, 426 de coração e 244 de córnea. O Instituto também é o único do Distrito Federal a fazer transplante cardíaco em adultos e crianças pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “Só neste ano, a gente já realizou 133 transplantes até junho. Ano passado, foram 261 transplantes de coração, fígado, rim, medula e córnea”, contabiliza.

Superintendente do ICTDF, Marcos Antônio Costa afirma que o Distrito Federal é um centro de referência para todo o país na área de transplantes

Desafios

Figueiras afirma que são vários os desafios logísticos para que os órgãos cheguem a tempo aos pacientes. “Cada órgão tem seu tempo de isquemia [redução ou ausência do fluxo sanguíneo para um tecido ou órgão, resultando em falta de oxigênio e nutrientes essenciais para sua função normal]. Para o coração são quatro horas; fígado, 12 horas; rins, já são 48 horas. E para isso, dependemos das parcerias da Força Aérea Brasileira, Detran, Corpo de Bombeiros e também do setor de malhas aéreas, para conseguirmos fazer esses órgãos chegarem a tempo. Dependemos de todo esse apoio, tanto com as aeronaves, quanto em relação a helicóptero e transporte terrestre. Então, contamos com o apoio de todos”, afirma.

No entanto, toda essa logística depende de um fator essencial: é preciso haver doadores. Maria de Lourdes aconselha a quem queira doar órgãos que converse com os familiares para deixar a opção clara. “Hoje, para você doar, é preciso sempre ter uma boa conversa com a família, porque aqueles registros antigos já não valem mais. A família toma a decisão de doar ou não. Então, é muito importante que o cidadão compartilhe essa intenção com a família”, explica.

Rafael Costa Filgueiras, responsável pelo setor de Transplantes do ICTDF, informa que o instituto já realizou, desde 2009, mais de 2.800 transplantes de órgãos e tecidos

A diretora da Central Estadual de Transplantes do Distrito Federal, Daniela Salomão, acrescenta: “Existe a máxima que diz que sem doação não há transplante. Então, nós precisamos muito incentivar a doação. Nós temos mais pacientes aguardando hoje do que doações de órgãos. Precisamos aumentar a doação para que, cada vez mais, esse paciente que entra em lista tenha menos tempo de espera e consiga realmente ter o seu transplante e melhorar a qualidade de vida”, afirma.

Segundo Daniela, o DF vem se posicionado a cada ano como destaque no cenário nacional para a realização de transplantes. “O Distrito Federal tem conseguido não só aproveitar as doações que ocorrem dentro do nosso distrito. Nós também conseguimos ir a outros estados, fazer a captação para retornar e fazer o transplante aqui. Essa opção de utilizar as doações no Distrito Federal e também de outros estados é o que nos proporciona esse destaque nacional em transplante”, afirma. “Mas antes de tudo isso, tem que vir a vontade dos cidadãos de serem doadores, a vontade de ajudar o próximo”.

‘O transplante salva e recupera a vida’

Há oito anos, o empresário Robério Melo foi diagnosticado com cirrose. “Foi um susto, porque eu nunca bebi na vida, não tinha esse hábito”, conta. A médica que o acompanhava disse que sua única chance de sobreviver seria um transplante de fígado, pois a doença já estava muito avançada, e o encaminhou para o ICTDF. No entanto, o quadro dele se agravou e era preciso encontrar um fígado compatível em pouco tempo.

“Eu não podia ir à consulta no ICTDF pois estava internado. O instituto enviou uma equipe multidisciplinar ao hospital para me avaliar e entrei para a fila do transplante. Fiquei uma semana na fila e não poderia esperar mais, pois, de acordo com os exames, eu sobreviveria poucos dias se não recebesse o transplante”, recorda. “Foi ali, nos ‘45 minutos do segundo tempo’, que apareceu um órgão e eu fiz o transplante. Foi de um rapaz de 19 anos que sofreu um aneurisma cerebral e teve morte encefálica, isso é tudo que podemos saber. Graças à doação da família dele, estou vivo. O transplante salva e recupera a vida.”

O Instituto de Cardiologia e Transplantes do Distrito Federal (ICTDF) faz transplantes de coração, rim, fígado, córnea e medula óssea

Robério afirma que o atendimento que recebeu da equipe do ICTDF foi de excelência. “É um atendimento humanizado, sabe? Os profissionais são comprometidos com o transplante e com o paciente”, avalia. O empresário, que conta com acompanhamento dos médicos do ICTDF para assegurar a saúde diante de qualquer intercorrência, fundou o Instituto Brasileiro de Transplantados (IBTx), uma rede de apoio formada por voluntários para dar suporte a transplantados e às pessoas que precisam de transplante.

“Damos suporte psicológico, jurídico e, às vezes, a gente ajuda com a cesta básica, paga uma conta. A gente presta esse auxílio social também”, conta. Segundo Robério, o IBTx já ajudou mais de 120 pessoas de outros estados a virem receber transplantes no Distrito Federal. “Nossas ações visam organizar projetos que vão beneficiar pacientes em pré e pós-transplante. Todos os voluntários que compõem o Instituto são transplantados e conhecem as necessidades que surgem após o recebimento do novo órgão. Pretendemos dar suporte para diversas pessoas que passarão ou já passaram pela cirurgia e precisam se adaptar à nova vida”, explica.

Segundo Robério, um dos grandes desafios para diminuir a fila dos transplantes é conscientizar as pessoas sobre a importância da doação de órgãos. “É preciso deixar bem claro que o sistema de transplante do Brasil, do SUS, é muito confiável e é auditável de ponta a ponta. Um coração, por exemplo, que saiu de uma cidade tem que chegar ao seu destino e tem que ser transplantado. Se ele não for transplantado, tem que justificar a razão. Posso assegurar que o sistema de transplante do Brasil é auditável e totalmente confiável”, afirma. “O transplante salva vidas. Eu estou aqui porque o SUS salvou a minha vida. Eu devo a minha vida ao SUS”. 

A gerente geral de Assistência do ICTDF, Maria de Lourdes Worisch, conta que existe uma logística complexa para fazer com que os órgãos doados cheguem aos pacientes: "A equipe precisa estar pronta, o hospital pronto, material pronto"

Transplantes de órgãos e tecidos no Brasil

O Brasil é um dos líderes mundiais em transplantes e tem o maior sistema público de transplantes do mundo, segundo o Ministério da Saúde. O Sistema Nacional de Transplantes (SNT) organiza e monitora todo o processo, desde a identificação de doadores até a realização dos procedimentos. A fila é nacional e obedece critérios específicos, como a compatibilidade do órgão entre doador e receptor, independentemente de classe social.

Além disso, o SNT atua na capacitação de profissionais da saúde, na conscientização da população sobre a importância da doação e na garantia da qualidade e segurança dos procedimentos de transplante.

Da redação do Portal de Notícias

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