Transformando a rotina de crianças com transtornos do neurodesenvolvimento e dificuldades de aprendizagem, o Parque Multissensorial do Centr...
Transformando a rotina de crianças com transtornos do neurodesenvolvimento e dificuldades de aprendizagem, o Parque Multissensorial do Centro Especializado de Reabilitação (CER III) da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Ubá, inaugurado em março deste ano, já se destaca como um espaço de cuidado inovador e acolhedor. Pensado para oferecer experiências sensoriais seguras e estimulantes — ou seja, vivências que envolvem os sentidos de forma controlada, promovendo o aprendizado e o bem-estar — o ambiente tem se mostrado um importante aliado no desenvolvimento de habilidades cognitivas, motoras e sociais.
Totalmente adaptado, o local é climatizado, silencioso, mas equipado com recursos sonoros e visuais que podem ser ajustados conforme a proposta terapêutica. O parque multissensorial — também conhecido como sala multidisciplinar — conta com cascata de fibra óptica, piscina de bolas transparentes com efeitos luminosos, coluna de bolhas, piano humano, simulador de chuva com nuvens iluminadas, painel sensorial artesanal, parede de escalada infantil, simulador de vento e máquina de bolhas de sabão, entre outros recursos.
Os efeitos positivos do parque já são percebidos por muitas famílias. Adriana Silva, mãe de Luiz Miguel, de cinco anos, é uma delas. “Quando entrei aqui com o Luiz Miguel, achei essa sala muito mágica. Vejo como ele fica envolvido, alegre e interage”, contou. Ela se emocionou ao acompanhar uma das sessões do filho: “Foi lindo no dia em que a psicóloga colocou a historinha da árvore seca, porque à medida que vai desenrolando o conto, a sala começa a ventar e chover, quando aparece o sol as luzes começam a esquentar. É sensacional!”
Equipe Multidisciplinar
As terapias realizadas no Parque Multissensorial são conduzidas por uma equipe multidisciplinar composta por profissionais especializados, que aplicam treinos, atividades e jogos para estimular o desenvolvimento sensorial, cognitivo e motor das crianças. Tudo é feito de forma lúdica, divertida e com o apoio de novas tecnologias, respeitando o ritmo e as necessidades de cada usuário.
Entre os principais beneficiados pelo parque estão crianças com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) e deficiência intelectual, além de usuários de outras modalidades encaminhados para terapias no CER III de Ubá. Entre os métodos aplicados pela equipe, destaca-se a dessensibilização a estímulos sensoriais — como sons, toques e cheiros — que, em alguns casos, provocam desconforto ou ansiedade. A técnica busca reduzir gradualmente a sensibilidade a esses estímulos, promovendo maior conforto e adaptação ao ambiente.
A fonoaudióloga Danielle Laureano, uma das profissionais que atuam no espaço, destaca a importância da personalização dos estímulos. “Temos aqui recursos que podem ser adaptados conforme a necessidade da pessoa atendida, pois cada um tem uma individualidade. Por exemplo, para os hipersensíveis, podemos reduzir estímulos como luz e som; já para os hipossensíveis, aumentamos a intensidade, tudo de forma gradativa, respeitando as condições.”

Os recursos disponíveis no parque permitem uma abordagem terapêutica global, que trabalha desde aspectos motores e cognitivos até linguagem, interação social e questões sensoriais, como a seletividade alimentar. A psicóloga Jéssica Pereira Riguete exemplifica com o caso de Luiz Miguel: “A mãe relata uma seletividade alimentar muito restrita. Então, um dos exercícios que utilizamos é a piscina de bolinha, porque ali podemos trabalhar a questão das texturas e das cores, já que ela tem um sistema de luz que muda a cor.”
Investimentos
O Parque Multissensorial do CER III de Ubá representa um importante avanço no cuidado à pessoa com deficiência e conta com um investimento de R$ 300 mil da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG). Os recursos foram destinados por meio da Deliberação CIB-SUS/MG Nº 4.442/2023, possibilitando a aquisição dos equipamentos e a estruturação necessária para o funcionamento do espaço.
Para Ana Cristina Dias Custódio, coordenadora de Redes de Atenção à Saúde da Gerência Regional de Saúde (GRS) de Ubá, a implantação do parque é um marco para a região. “É gratificante verificar que este primeiro parque multissensorial da rede pública da nossa região, inaugurado há apenas três meses, já proporciona tantos benefícios. Este serviço tem abrangência microrregional, atendendo os 20 municípios que compõem a microrregião de Saúde de Ubá para as modalidades (física, auditiva e ostomia) e, na modalidade intelectual, atende a população própria além dos municípios de Guidoval e Rodeiro”, destacou.
Acesso aos serviços de reabilitação da deficiência intelectual
Minas Gerais conta atualmente com 181 serviços públicos voltados à reabilitação intelectual, que integram a Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência. Desses, 150 são Serviços Especializados em Reabilitação da Deficiência Intelectual (Serdi), voltados exclusivamente para esse tipo de atendimento, e 31 são Centros Especializados em Reabilitação (CER), que oferecem cuidado em mais de uma modalidade de deficiência.
Todos esses serviços realizam avaliação, diagnóstico e acompanhamento dos usuários. Para ter acesso ao atendimento, o primeiro passo é procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima. Com os documentos em mãos, a própria UBS entrará em contato com a Junta Reguladora ou com a Referência Técnica responsável, que fará o agendamento da primeira avaliação no serviço de reabilitação mais adequado.
Após essa avaliação multidisciplinar, se houver indicação, o usuário iniciará o processo de reabilitação em um CER ou Serdi, conforme a necessidade identificada. O acompanhamento também pode ser feito por outros pontos da rede, como os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e a própria Atenção Primária à Saúde (APS).
Mais informações, incluindo a lista completa de serviços e seus endereços, estão disponíveis no site da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais:
www.saude.mg.gov.br/reabilitacaointelectual
Texto e fotos: Keila Lima
Da redação do Portal de Notícias
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