Durante uma reunião de militantes do PT, PV e PSB no Eixão Norte, Ricardo Cappelli (PSB), ex-assessor de Rodrigo Rollemberg, conhecido como um dos governadores mais impopulares da história do Distrito Federal, revelou o desespero da esquerda local em meio a um discurso inflado e dramático. Ao abordar a baixa popularidade de Lula na região, Cappelli sugeriu que a dificuldade do PT em estabelecer um diálogo efetivo com os moradores do DF estaria diretamente associada ao cenário desfavorável.
Embora tenha alegado já ter morado nas cidades satélites — uma afirmação questionada por muitos como falsa — ele admitiu sentir de perto a rejeição à gestão petista na capital federal. Em palavras marcadas por apelo e urgência, estimulou os militantes a agir para tentar reverter o desgaste político enfrentado por Lula, insinuando que parte dessa responsabilidade seria dos próprios integrantes locais do partido.
O posicionamento de Cappelli colocou em evidência as fragilidades políticas da esquerda no Distrito Federal, já que, segundo o mapa eleitoral de 2022, Lula obteve vitória apenas em áreas como o Eixão Norte. Por outro lado, foi derrotado expressivamente em regiões de maior concentração de trabalhadores, a exemplo de Morro da Cruz, Capão Comprido, Vila Grimm (São Sebastião) e Santa Luzia (Estrutural), veja:
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Reconheceu também que andar sozinho não resolve e implorou por companhia.
O desespero de Cappelli, alçado por Flávio Dino ao posto de número 2 no Ministério da Justiça no início do governo Lula, tem fundamento: ele não consegue ganhar força nas pesquisas para o Governo do Distrito Federal (Buriti).
Seu tom irônico nas redes sociais não inspira confiança na população.
Durante os 60 dias em que comandou a intervenção das forças de segurança do DF, Cappelli enfrentou críticas ao desrespeitar a Polícia Militar, tratando-a como cúmplice dos atos de 8 de janeiro. Essa postura arrogante deixou marcas profundas e gerou insatisfação nas corporações.
Hoje, discursos como os de Cappelli não encontram mais receptividade no DF, onde o PT enfrenta rejeição nas urnas há uma década.
O último governo petista no Buriti (2010-2014), liderado por Agnelo Queiroz, encerrou-se em meio a escândalos de corrupção e um mandado de prisão contra o ex-governador.
Em seguida, a gestão do PSB de Rodrigo Rollemberg (2015-2018) passou por momentos críticos, como o desabamento do viaduto do Eixão e ações violentas contra famílias vulneráveis em regiões como Sol Nascente e Santa Luzia. Esses episódios culminaram na derrota de Rollemberg em 2018, superado pelo até então pouco conhecido Ibaneis Rocha (MDB).
Atualmente, o panorama é bem diferente. O Sol Nascente não é mais a comunidade carente retratada por Cappelli. O DF se estabeleceu como o maior centro de desenvolvimento urbano do país, com obras sólidas como viadutos seguros, transporte gratuito nos finais de semana e refeições acessíveis oferecidas a R$ 1 nos restaurantes comunitários.
Os avanços dos programas sociais mudaram a percepção local e enfraqueceram o discurso da esquerda baseado na narrativa de agravamento das dificuldades.
A Cappelli restou apenas um clamor desesperado durante uma manifestação no Eixão Norte no último fim de semana. Um movimento marcado pela tentativa, junto a Erika Kokay (PT) e Leandro Grass (PT), de usar o apoio do governo federal para dificultar reajustes das forças de segurança. Apesar disso, essas ações já não repercutem junto à população do Distrito Federal.
Da redação do Portal de Notícias, com informações do Portal Radar DF
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