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65 anos de dedicação e cuidado: o Hospital de Base e a emocionante trajetória de superação de Gleiciane Ambrosio

De um destino marcado pela dor, passando pela reconstrução da vida, a trajetória de uma paciente guerreira reflete a força da medicina e do ...


De um destino marcado pela dor, passando pela reconstrução da vida, a trajetória de uma paciente guerreira reflete a força da medicina e do maior hospital público do DF

Aos 16 anos, após uma infância marcada por traumas e vulnerabilidades, Gleiciane Galvão Ambrosio ingeriu soda cáustica em um gesto desesperado que deixou sequelas profundas. Ela perdeu parte da língua e teve garganta, esôfago e traqueia comprometidos. Durante três anos, permaneceu em estado vegetativo, sem falar, sem se mover e sobrevivendo apenas com sondas e aparelhos. Foi a coragem da mãe de Gleiciane que abriu um caminho de esperança. Determinada a buscar ajuda, ela levou uma foto da filha a um programa de televisão em Manaus (AM), cidade onde a família vive. A imagem chegou ao médico Arteiro Menezes, que reconheceu a gravidade do caso, mas também os limites do sistema local para tratá-la.

A virada aconteceu em 2006, quando Gleici, como é chamada pela equipe médica, então com 19 anos, foi transferida para Brasília pelo Programa Tratamento Fora de Domicílio (TFD). O serviço do SUS garante atendimento médico em outra cidade ou estado quando a especialidade não está disponível localmente. No Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), encontrou não apenas tecnologia e conhecimento, mas também acolhimento. Recebida pelo cirurgião torácico Manoel Ximenes, que, em parceria com o especialista de Manaus, iniciou o primeiro passo de uma longa jornada, teve parte do esôfago reconstruído, abrindo caminho para um futuro antes inimaginável.

Após 20 anos, Gleiciane reencontra o cirurgião Manoel Ximenes | Foto: Divulgação/IgesDF 

Uma trajetória de reconstrução

Manoel Ximenes, hoje com 90 anos, lembra com emoção da chegada da paciente. “Fico feliz de ter contribuído com a melhora da Gleici e de ter deixado um legado para que novos milagres continuem acontecendo no Base”. Esse legado foi seguido pelo cirurgião torácico Humberto Alves, que assumiu o tratamento após a aposentadoria de Ximenes. “O caso dela é daqueles que muitos dariam como perdido. Mas aqui, com dedicação e força de vontade, a história se transformou em esperança”, afirma.

Durante a reabilitação, Gleici foi mãe, interrompendo os procedimentos por uma década para não atrapalhar a gestação. “Recuperei a vontade de lutar”, relembra. Quando retornou ao HBDF, encontrou no médico Humberto a continuidade de um cuidado atento e humanizado.
 Uma das intervenções mais significativas foi a traqueoplastia, cirurgia para reconstruir a traqueia, que permitiu que ela voltasse a falar, respirar e se alimentar de forma natural. 
“Ela é mãe, paciente, sobrevivente e, acima de tudo, símbolo de esperança. Com esse exemplo, o Base reafirma o seu papel como espaço de ciência, acolhimento e humanidade, não apenas para o Distrito Federal”.
Humberto Alves, cirurgião

Ao longo de quase duas décadas, foram realizados mais de 20 procedimentos. A cada seis meses, ela retornava para novas cirurgias, cada etapa representando um passo em direção à autonomia. Profissionais de diversas áreas se somaram à sua história. Para a chefe de enfermagem, Juliana Wercelens, que atende Gleici desde o início, o cuidado vai além do técnico. “O tratamento envolve escuta, acolhimento e incentivo. Ela é prova viva da força da resiliência quando há suporte integral”. 

Equipe multiprofissional no Hospital de Base

Mais recentemente, a cirurgiã-dentista Alessandra de Paula, especialista em reabilitação oral, reforçou o atendimento. “Buscamos devolver mastigação, fala, sorriso e autoestima. É um trabalho que une medicina e odontologia, olhando o paciente como um todo”, explica. No dia 22 de agosto de 2025, Gleici passou por mais uma cirurgia com células-tronco, reunindo médicos e dentistas para reconstruir sua mandíbula e região bucal, ampliando a capacidade de se alimentar e viver com dignidade. O simbolismo da data é inevitável: exatamente 23 anos após a ingestão da soda cáustica, uma história de morte em potencial se transformou em resistência e vida.

Gleiciane agradece: "Só encontrei anjos atuando neste hospital" | Foto: Divulgação/IgesDF

Hoje, aos 39 anos, Gleiciane leva uma rotina quase normal, com poucas restrições, mas repleta de significado. “O Base não é só um hospital para mim. É um local onde encontrei uma família. Sempre fui muito bem tratada, do porteiro ao cirurgião. A maneira como minha vida foi transformada é algo que eu irei levar para sempre comigo”, relata. Segundo a paciente, foi no Base que ela pode dar os primeiros passos para sua nova vida. “Foi aqui que minha jornada começou a ter um significado diferente. Hoje vejo o mundo de uma outra forma e isso ajuda aqueles que estão ao meu lado. Só tenho a agradecer
 a atuação de todos os anjos que neste hospital eu tive a sorte e a honra de encontrar", completa.

Para o cirurgião Humberto Alves, a trajetória de Gleiciane é um testemunho da importância do HBDF. “Ela é mãe, paciente, sobrevivente e, acima de tudo, símbolo de esperança. Com esse exemplo, o Base reafirma o seu papel como espaço de ciência, acolhimento e humanidade, não apenas para o Distrito Federal”, conclui.

Na reportagem de amanhã, sobre os 65 anos do Hospital de Base, você vai conhecer o legado do trabalho de profissionais e voluntários que ajudaram a construir essa história de superação, amor e solidariedade.

Com informações do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF)

Da redação do Portal de Notícias

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