Teste do pezinho permite detecção da doença nos primeiros dias de vida e tratamento especializado no SUS Karinne Viana, da Agência Saúde-DF ...
Teste do pezinho permite detecção da doença nos primeiros dias de vida e tratamento especializado no SUS
Karinne Viana, da Agência Saúde-DF | Edição: Natália Moura
“Foi um choque”. É assim que Teresino Barros, 51, lembra do momento em que ele e a esposa receberam o diagnóstico de Doença Falciforme da filha, Maria Fernanda Barros, ainda recém-nascida. Desde então, a família tem enfrentado uma trajetória de cuidado e superação. “Minha filha pôde começar o tratamento bem cedo e isso foi decisivo para evitar complicações mais graves. A doença exige atenção constante, mas hoje ela se sente melhor”, afirma o pai.
Maria Fernanda teve acompanhamento desde os primeiros meses de vida e, aos seis anos, iniciou o tratamento no Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB). A jovem, hoje com 19 anos, passou por diversas etapas, incluindo transfusões sanguíneas mensais. Após um transplante de medula óssea, realizado este ano, segue sendo monitorada.

“Depois que ela teve alta, continuamos vindo ao hospital duas vezes por semana. Agora, pela primeira vez, conseguimos vir só uma vez na semana. A expectativa é que as vindas diminuam cada vez mais. Isso é muito bom”, relata Teresino. Já Maria Fernanda celebra a melhora: “Hoje me sinto mais disposta e estou otimista com o futuro."
Cuidado contínuo
O caso de Maria Fernanda representa a realidade de muitas famílias. Mais de 900 crianças com a condição estão atualmente em acompanhamento no HCB. Nesta quinta-feira (19), é celebrado o Dia Mundial de Conscientização sobre a Doença Falciforme. A data reforça a importância do diagnóstico precoce como forma de promover mais saúde e evitar complicações.
O principal caminho para esse diagnóstico é o Teste do Pezinho, oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) por meio do Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN). No Distrito Federal, o exame permite identificar a doença ainda antes de os bebês apresentarem sintomas, garantindo o encaminhamento precoce ao HCB.
“O Teste do Pezinho é uma ferramenta fundamental. Quando a doença é identificada logo no início, conseguimos evitar infecções graves, orientar a família e acompanhar a criança de perto”, explica a oncologista pediátrica e diretora técnica do HCB, Ísis Magalhães.

Além disso, desde 2005, a Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doença Falciforme (PNAIPDF) garante acesso a serviços ambulatoriais especializados em todo o Brasil, com consultas, exames e medicações. Para crianças a partir dos quatro meses de idade, jovens e adultos que ainda não receberam o diagnóstico, a rede pública disponibiliza o exame de eletroforese de hemoglobina para detecção da doença.
A diretora destaca ainda que o acompanhamento multidisciplinar é essencial. “Temos uma equipe completa aqui no HCB, incluindo hematologistas, infectologistas, psicólogos, neurologistas e nutricionistas. Esse cuidado contínuo e integral tem feito a diferença na vida das crianças."
Doença
A doença falciforme é uma condição genética que altera os glóbulos vermelhos, que tomam a forma de foice. São glóbulos vermelhos mais rígidos e mais frágeis que causam anemia hemolítica crônica e prejudicam a própria rede vascular, acarretando obstruções vasculares e falta de oxigenação em áreas de vários órgãos. Como resultado, a pessoa passa a ter episódios de dor óssea ou articular, mau funcionamento do baço (órgão de defesa do organismo), propensão a infecções e danos agudos e crônicos aos órgãos.

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